Já alguma vez sentiste que a tua loja online é um monstro insaciável que devora o teu tempo livre? Tens vendas, sim, mas o custo operacional é brutal: copiar dados para o Excel, enviar notificações manuais aos fornecedores, carregar facturas no Drive… Se utilizas o WordPress e o WooCommerce, tens um Ferrari estacionado na garagem, mas és tu que o estás a empurrar. A chave para ligar o motor e deixá-lo andar tem apenas um nome: Make.
Nesta análise aprofundada, vamos esquecer as soluções de “remendo” e concentrar-nos em como transformar o Make (a evolução do Integromat) no cérebro central do seu comércio eletrónico. Não se trata apenas de ligar coisas; trata-se de orquestrar uma sinfonia de dados em que tu és o maestro, não o músico que toca todos os instrumentos.
Porquê Make e não um plugin WordPress?
É fundamental entender a arquitetura por trás dessa decisão. Instalar plugins de automação dentro do teu WordPress (como o AutomateWoo) é ótimo para coisas internas, mas quando queres enviar dados para o exterior (para o Google Sheets, Slack, HubSpot ou para o teu gestor de conta), usar um plugin sobrecarrega o teu servidor.
Make funciona na nuvem, independentemente do teu alojamento. Funciona como um “tradutor universal”. O teu WooCommerce fala a “linguagem do WordPress”, o teu contabilista fala a “linguagem do Excel” e a tua equipa de apoio fala a “linguagem do Slack”. O Make fica no meio, recebe a mensagem de um, traduz-a e entrega-a ao outro em milissegundos.
Conceito-chave: Ao retirar a carga de processamento do seu sítio Web, garante que a velocidade de navegação dos seus clientes (WPO) não é afetada pelas suas automatizações de back-end.
O núcleo das automatizações: Webhooks do WooCommerce
Para dominar o Make, primeiro tens de perder o medo da palavra Webhook. Pensa num Webhook como uma campainha.
Quando alguém compra na tua loja, o WooCommerce normalmente guarda a encomenda e fica em silêncio. Quando configuras um Webhook, dizes ao WooCommerce: “Ei, sempre que uma encomenda chega (Order Created), toca esta campainha”. Esse “sino” é um URL único fornecido a ti pela Make.
O processo técnico simplificado é o seguinte:
- Cria um “Scenario” em Make e seleciona o módulo “Custom Webhook”.
- Faz com que te seja dado um endereço web (por exemplo,
https://hook.make.com/...). - Vai a WooCommerce > Settings > Advanced > Webhooks.
- Cola o URL e escolhe o evento “Encomenda criada”.
A partir desse momento, a ligação está ativa. Recebe um pacote de dados (JSON) com toda a informação do cliente, produtos, preços e morada, pronto a ser manipulado.
Cenário 1: O Router Logístico Inteligente
É aqui que o Make esmaga a concorrência (como o Zapier) graças ao seu módulo Router. Digamos que vendes roupa e tens dois fornecedores diferentes: um em Espanha para os envios domésticos e outro na China para os acessórios.
Sem a automatização, terias de olhar para cada encomenda e enviar e-mails manuais. Com o Make, desenha um fluxo com lógica condicional:
- Trigger: Introduz a encomenda do WooCommerce.
- Módulo router: Divide o caminho em duas ou mais vias.
- Rota A (Filtro: País = Espanha): Envia um e-mail formatado para o armazém de Madrid com a etiqueta de envio pronta a imprimir.
- Rota B (Filtro: País = Resto do mundo): Liga-se à API de um serviço de dropshipping ou envia os dados para uma folha de cálculo específica para envios internacionais.
Esta capacidade de bifurcar as decisões com base nos dados da encomenda (valor do carrinho, categoria do produto, localização do cliente) permite gerir operações complexas sem intervenção humana.
Cenário 2: A “base de dados” no Google Sheets ou no Airtable
Embora o WooCommerce tenha os seus próprios relatórios, estes são limitados. Os profissionais do comércio eletrónico adoram folhas de cálculo para analisar as margens reais. Criar uma “Base de dados sombra” é uma das automações mais rentáveis que podes configurar no Make.
A estrutura do cenário seria a seguinte:
- WooCommerce: Nova encomenda.
- Iterator: Este é um módulo vital do Make. Uma encomenda pode ter 5 produtos diferentes. O iterador “quebra” a encomenda e separa os produtos um a um.
- Google Sheets (Adicionar uma linha): Para cada produto discriminado, adiciona uma linha no teu Excel mestre com: Data, SKU, Nome do produto, Preço unitário, Custo (se mapeado) e Margem líquida.
No final do mês, não tens de exportar CSVs nem de te debater com tabelas dinâmicas. A tua folha de cálculo foi preenchida em tempo real, venda a venda, permitindo-te ver o teu lucro exato em tempo real.
Gestão de erros: o que faz a diferença para os profissionais
Qualquer pessoa pode criar uma automatização que funcione quando tudo corre bem. Mas o que acontece se o Google Sheets se avariar ou se o cliente introduzir um e-mail com caracteres inválidos? Nas ferramentas básicas, a automatização avaria-se e perdes os dados.
O Make permite-te configurar os Manipuladores de Erros. Podes dizer ao sistema:
“Se tentares guardar a linha no Google Sheets e falhar, espera 5 minutos e tenta novamente. Se voltar a falhar, envia-me uma mensagem de alerta no Telegram e guarda os dados numa memória temporária (Data Store) para não os perderes”.
Esta resiliência é o que faz de Make uma ferramenta de nível empresarial adequada para lojas com um volume de negócios de milhões.
Comparação rápida: Make vs. Zapier para WooCommerce
É a pergunta de um milhão de dólares: porquê escolher a Make? Embora o Zapier seja mais famoso, o Make é superior para o WooCommerce por razões técnicas e económicas muito claras:
| Caraterística | Faz | Zapier |
| Preço | Muito mais barato (plano gratuito generoso). | Caro assim que aumentas o volume. |
| Interface | Visual (bolas e linhas), permite deslocar livremente os módulos. | Linear e rígido (lista vertical). |
| Lógica | Permite loops, iteradores e matrizes complexas. | Lógica limitada nos planos básicos. |
| História | Podes ver exatamente que dados passaram por cada “bola”. | Menos detalhado na depuração. |
Se a tua loja tiver um elevado volume de transacções (muitas “transacções”), o Make custar-te-á uma fração do que o Zapier te custaria.
Aplicação real para melhorar o LTV no wordpress
Um caso real de aplicação de automações no Make para melhorar o LTV é a criação da fórmula exacta que deves colocar no módulo “Filtro” para detetar se é a primeira compra de um cliente ou se é um cliente recorrente.
Esta é a “peça que falta” que separa os automatizadores novatos dos especialistas. O WordPress, por defeito, não envia um campo que diga “Esta é a primeira compra: SIM/NÃO” no Webhook padrão.
Temos de ser nós a deduzir.
Para isso, precisamos de inserir uma etapa intermédia entre o Webhook (o acionador) e o Router (o cérebro). Vamos perguntar à base de dados: “Quantas vezes é que este e-mail já apareceu antes?
Aqui está a configuração técnica exacta para o teu cenário em Make:
Etapa 1: O módulo “Detetive” (Lista de encomendas)
Logo após o teu módulo inicial(WooCommerce > Watch Orders), deves adicionar um módulo de pesquisa.
- Módulo: WooCommerce > Listar encomendas.
- Configura o filtro dentro do módulo:
- No campo “Procurar”, deixa em branco.
- Na secção de filtros, procura o campo “E-mail do cliente”.
- Valor: arrasta a etiqueta
Billing: Emailque vem do teu primeiro módulo (o Webhook roxo).
- Limite: Define
2. (Truque de otimização: Não precisamos de saber se compraste 100 vezes, só precisamos de saber se comprastemais do que uma vez. Ao fixar o limite em 2, poupa operações e memória).
Passo 2: A fórmula lógica no router
Agora ligas este módulo ao Router. É aqui que aplicamos a fórmula matemática para separar os caminhos.
Conta quantos “Pacotes” encontrou na pesquisa anterior.
- Se encontrares 1 encomenda: É a mesma que acabaste de introduzir. És um novo cliente.
- Se encontrares 2 encomendas: Significa que existe uma encomenda anterior. És um cliente recorrente.
Rota A: O filtro para “Novo cliente” (Bem-vindo)
Clica na linha que liga o Router à tua ação de boas-vindas.
- Etiqueta: Primeira compra.
- Condição:
- Clica no primeiro campo.
- Procura nas variáveis do módulo “Listar encomendas” (a verde).
- Seleciona a variável:
Total number of bundles(Número total de embalagens). - Operador numérico: Igual a.
- Valor:
1.
Tradução: “Se ao procurar este e-mail só encontrar 1 encomenda (a atual), então trata-a como nova”.
Rota B: O filtro para “Repetir o cliente” (Fidelidade)
Clica na outra linha do Router.
- Etiqueta: Cliente recorrente (VIP).
- Condição:
- Variável:
Total number of bundles(do módulo List Orders). - Operador numérico: Maior que.
- Valor:
1.
- Variável:
Tradução: “Se encontrar mais de 1 encomenda com este e-mail, este utilizador já nos conhece. Envia-lhe o cupão de fidelização em vez do cupão de boas-vindas”.
Porque é que esta lógica é invencível
A vantagem de utilizar o e-mail como chave de pesquisa (em vez do ID de utilizador) é que funciona mesmo com convidados.
Muitas pessoas compram sem criar uma conta. Se o João Smith comprou há um mês como convidado e volta a comprar hoje como convidado utilizando juan@gmail.com, a tua automatização irá detectá-lo como Recorrente graças a esta fórmula e poderás tratá-lo como merece, mesmo que não tenha iniciado sessão.
Por onde começar? Agência de comércio eletrónico
A curva de aprendizagem do Make pode ser intimidante no início, devido à sua interface de “tela infinita”. No entanto, não precisas de construir a Estrela da Morte no primeiro dia.
A estratégia vencedora é a automatização progressiva:
- Identifica a tarefa mais repetitiva e aborrecida do teu dia (por exemplo, criar facturas ou adicionar clientes ao CRM).
- Cria um cenário simples em Make de apenas dois módulos: WooCommerce + The other App.
- Experimenta-o utilizando o botão “Executar uma vez” enquanto fazes uma encomenda de teste em modo incógnito.
Ver os dados a viajar magicamente para trás e para a frente é viciante. Quando dominares a simples ligação, começarás a ver “nós” e ligações em todos os aspectos do teu negócio.
Conclusão
Automatizar o WooCommerce com o Make não é apenas uma melhoria técnica; é uma decisão comercial estratégica. Estás a comprar tempo futuro. Constrói um sistema que se expande sem a necessidade de contratar mais pessoal administrativo.
A tecnologia existe, é acessível e é visual. Já não precisas de saber PHP para ligar a tua loja ao mundo. Só precisas de curiosidade e de uma conta Make.

